CARLOS EDUARDO PEREIRA
Futuro do pretérito
“Engraçado que o que esse menino da foto sonhava de futuro, pra si e pros seus, era qualquer coisa que pedisse paletó e gravata (quando menos, uma farda) — aquele figurino que o pai da família certinha da novela das oito usava enquanto se servia de uma dose de uísque ‘on the rocks’, só pra relaxar depois de um dia puxado no escritório. Engraçado também que hoje em dia dou é graças a Deus que eu nunca usei paletó nem gravata (muito menos uma farda), já que agora meu sonho de futuro perfeito, pra mim e pros meus, envolve a liberdade justamente de não precisar existirem famílias certinhas de novela das oito, e que os dias sejam menos puxados e, de preferência, que eles possam ser vividos do lado de fora de todo e qualquer escritório.”
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Quando você era criança, como imaginava o futuro? E como é o futuro que você quer agora? A cada semana, convidamos uma pessoa para responder a essas perguntas como parte da nossa Temporada no Futuro. Acompanhe!
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Carlos Eduardo Pereira é escritor. Seu romance “Enquanto os dentes” (2017) foi semifinalista do Oceanos e finalista do Prêmio São Paulo de Literatura.
